“Resolveu Daniel, firmemente, não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. Dn 1.4,8.
É atribuída ao filósofo empirista John Locke (1632-1704) a seguinte afirmação: “O homem é produto do meio”. De fato não é fácil ser honesto, em pleno Séc. XXI. Se é que tenha sido fácil em alguma época. Não é fácil ser íntegro na escola, correndo o risco de ficar de recuperação, quando os que colam passam direto e ainda se gabam disso. Não é fácil manter a pureza em meio a tanta sensualidade.
A Babilônia, cenário em que lemos a história de Daniel, é símbolo do mundanismo, da sedução, da perversão, do engano, da imoralidade, da idolatria. Símbolo de todo um sistema alienado de Deus (I João 2.14-17). Quando olhamos para a vida de Daniel, que viveu durante os anos de cativeiro na Babilônia (70 anos), encontramos o segredo para o jovem cristão prevalecer num ambiente tão hostil. O capítulo 1 apresenta Daniel (provavelmente ainda um adolescente de 17 anos) e seus três amigos capturados para servirem na corte real. Daniel é levado para ser treinado na cultura e língua dos pagãos (1.4b). Mas Daniel tomou uma firme resolução. Não iria se contaminar com as finas iguarias do rei (1.8).
Nossa UMP decidiu adotar este versículo do livro de Daniel como texto base para o ano de 2010. Diante disso, gostaria de, à luz desta passagem, extrair quatro princípios que devem nortear o andar do jovem cristão numa sociedade pagã, sem que, com isso, venha perder sua identidade como jovem cristão:
1) Discernimento: Qual seria o problema de comer carne e beber vinho? O rei estava honrando os jovens com comida da sua própria mesa – comida primorosa. Um gesto generoso do rei. Contudo, Daniel sabia que por trás daquela mesa real estava uma rendição da fé, uma participação na mesa de ídolos. Aquele alimento não tinha sido preparado de acordo com as leis dietéticas de Moisés (cf. Lv 3,17; 11; Dt 14.21). Na opinião de Daniel, comer daquela mesa iria torná-lo culpado de adoração idólatra e estaria desagradando ao seu Deus. Daniel foi um jovem com discernimento. Soube discernir o certo do errado, o que pode e o que não pode. O que agrada ou não a Deus. Isso é discernimento.
Hoje em dia a juventude se depara com muitas situações e áreas, nas quais, é preciso discernir o certo e o errado. Pode ou não. Como exemplo: o que diz o jovem cristão sobre o sexo antes do casamento, honestidade nos negócios, santificação do corpo como templo do Espírito Santo, etc. Escrevendo a Tito, Paulo diz que “os jovens devem ser em tudo criteriosos” (Tt 2.6).
2) Firmeza: O texto diz que o jovem Daniel “resolveu firmemente não se contaminar”. Aprendemos aqui que para não se render aos apelos da sociedade não cristã, o jovem precisa ter uma atitude forte, ousada, corajosa e firme. Os três amigos de Daniel disseram mais tarde que estavam prontos a morrer, mas não iriam transigir. Quantos jovens na atualidade cedem aos convites das más companhias, à práticas socialmente aceitáveis como bebidas alcoólicas, pornografia, piadas imorais, relacionamentos impuros, etc. O jovem cristão não deve fazer concessões às exigências da sociedade , quando estas contrariam a vontade de Deus. Não pode permitir ser moldado pelos poderes sedutores deste mundo. Para tanto, é preciso firmeza e muita fé para não ceder. Daniel mudou o cardápio da Babilônia e não permitiu que a Babilônia mudasse o seu paladar. Que firmeza!
3) Pagar o preço: Ainda, um terceiro princípio aprendido com Daniel é que viver com fidelidade exige certo sacrifício. Há um preço a ser pago. Com aquela decisão tomada, eles podiam até morrer. Eles estavam arriscando a própria vida. Mas Daniel prefere correr o risco, a violar sua consciência. Prefere a morte ao pecado. Os babilônios haviam tirado-lhe sua família, seu lar, sua cidade natal (Jerusalém) e qualquer outra coisa que poderia lhe dar segurança na vida, mas ele decidiu que sua fé, sua identidade e sua fidelidade, eles não tirariam.
Ser crente hoje não é fácil, como também não foi diferente no tempo de Daniel. Aliás, Daniel e seus amigos chegaram a ser jogados na fornalha acesa, na cova dos leões. Tudo isso por causa da fé que eles professavam. Hoje, em pleno séc. XXI, os desafios são outros. Não obstante, como nos tempos de Daniel, também exige um preço a ser pago. O fato é que cada geração tem seus próprios desafios. Pense em sua realidade e nos riscos e desafios que você enfrenta hoje pelo fato de ser crente e responda: Se Daniel estivesse em seu lugar, qual seria a postura dele?
4) Boas amizades: Um último princípio que Daniel nos ensina é que para viver neste mundo sem perder a identidade, é preciso ter boas amizades. Daniel teve por perto bons amigos, os quais também eram tementes a Deus. Quando ele se viu pressionado pelo mandato do rei, correu para seus companheiros e eles juntos começaram a buscar a Deus em oração.
As amizades são muito importantes na vida do jovem. E a Bíblia dá muitos conselhos sobre esta questão. Por exemplo, o livro de provérbios registra que podemos desfrutar de amizades sinceras, como também devemos ter cuidado com as amizades que podem nos influenciar negativamente. Há amizades que nos enriquecem e amizades que nos empobrecem espiritualmente. Por isso o jovem deve ter muito cuidado com aqueles que se dizem “amigos”. Em Pv 13.20 lemos: “Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos será mau”. Paulo, em I Co 15.33 nos dá uma importante orientação: “Não vos enganeis, as más conversações corrompem os bons costumes”.
Concluindo, gostaria de dizer que, por causa da presença de Satanás, que deseja desviar-nos de Deus e de sua vontade, nunca será fácil manter um testemunho vibrante de piedade. E há ocasiões em que isso é um pouco mais difícil do que normalmente. Uma dessas ocasiões é quando estamos longe dos familiares, da igreja, e dos irmãos, e esta era a situação de Daniel na Babilônia. Mas quando estamos dispostos a permitir que Jesus tenha o primeiro lugar em nossas vidas, ele nos ajudará a manter a piedade em ambientes impiedosos. Mesmo num ambiente e cultura hostil, podemos servir a Deus sem perder nossa identidade como crentes e sem negociar os princípios das Sagradas Escrituras.
Parabéns Jovens da IPO e que Deus abençoe suas vidas,
Rev. Gildásio Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário