Rev. Gildásio Reis
O que a Bíblia tem a dizer sobre a apologética?
O cristão deve ter coragem e firmeza para defender o evangelho. Isto porque, cristãos genuínos amam a verdade e refutam o erro. Escrevendo à igreja de Filipos, Paulo disse que os irmãos deviam "lutar juntos pela fé evangélica" (Fp 1.27). Essa fé mencionada aqui por Paulo era o conjunto de verdades que os crentes haviam recebido dos apóstolos e que deviam preservar. A mesma idéia teve Judas, quando escreveu aos seus leitores, exortando-os a batalharem "diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (v. 3). De maneira insistente, somos instruídos de que é nossa responsabilidade defender a fé.
Ainda escrevendo à Igreja de Filipos, Paulo diz: “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho” (1:7) e “Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho” (1:16). O termo grego que aparece nestes dois versos para “defesa” é avpologi,an (apologia). Termo este que sugere a atividade de Paulo como líder na igreja, ou seja, a de “defender, desarmar o preconceito e vencer as objeções à mensagem ( cf. 2 Co 7:11 )”
João também nos ensina a necessidade de discernimento: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.” (1 Jo 4:1).
Em I Pedro 3.15, está escrito: “Estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. A expressão usada por Pedro “para responder” é avpologi,an (para uma defessa).
John Stott é muito convincente ao afirmar que a pregação evangelística não deve se sustentar em “um apelo emocional e anti-intelectual por "decisões", quando os ouvintes têm apenas uma confusa noção sobre o que é o evangelho. Ele oferece alguns exemplos da importância do uso da apologética na proclamação do evangelho. Dentre eles, a experiência do apóstolo Paulo, e afirma o seguinte:
Paulo resumiu o seu próprio ministério evangelístico com as simples palavras "persuadimos aos homens" (2 Co 5.11). Pois bem, a "persuasão" é um exercício intelectual. "Persuadir" é dispor argumentos de forma a prevalecer sobre as pessoas, fazendo-as mudar de idéia com respeito a alguma coisa. E o que Paulo declara fazer é ilustrado por Lucas nas páginas de Atos. Ele nos diz, por exemplo, que por três semanas na sinagoga em Tessalônica Paulo "dissertou entre eles, acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos" e dizendo "este é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio". O resultado, Lucas acrescenta, foi que "alguns deles foram persuadidos". (At 17.2-4). Pois bem, todos os verbos que Lucas emprega aqui, descrevendo o ministério evangelístico de Paulo - dissertar, expor, demonstrar, anunciar e persuadir - são, até certo ponto, verbos "Intelectuais". Indicam que Paulo ensinava um corpo de doutrina e dissertava em direção a uma conclusão. Seu objetivo era convencer para converter.
Ao lermos os Atos dos Apóstolos, fica evidente que era a atitude padrão dos apóstolos argumentar a favor da veracidade da visão Cristã, tanto com Judeus quanto com pagãos. (ex., At 17:2-3, 17; 19:8; 28:23-24). Ao lidar com a audiência Judaica, os apóstolos apelaram para o cumprimento de profecias, os milagres de Jesus, e especialmente a ressurreição como evidência de que ele era o Messias (At 2:22-32). Quando eles confrontaram as audiências gentias que não aceitavam o Antigo Testamento, os apóstolos apelaram para a obra de Deus na natureza como evidência da existência do Criador (At 14:17). Depois apelaram para as testemunhas oculares da ressurreição de Jesus para mostrar especificamente que Deus se revelou em Jesus Cristo (At 17.30,31; 1 Co 15:3-8).
Nenhum comentário:
Postar um comentário