sábado, 8 de agosto de 2009

OBSTÁCULOS PARA O CRESCIMENTO DE IGREJAS URBANAS (Parte II)


6. Isolamento: Uma falsa idéia se opõe a uma evangelização ativa: “não pertencemos ao mundo devemos, simplesmente, nos isolar”. Somos a geração dos condomínios fechados, do shopping center, das grades de segurança, do espaço privado distante e protegido do espaço público. Reagimos, então, da mesma maneira, nos isolando em nossas casamatas (abrigos subterrâneos usados principalmente nas guerras) e criamos um novo conceito de “mosteiro social gospel” com uma placa na entrada: “proibida a entrada de estranhos”.

Não devemos amar ao mundo, é certo, disse o apóstolo João, mas, também somos o sal da terra. Imaginemos se podemos temperar um feijão colocando o saleiro em frente à panela. Devemos por o sal no feijão e suas propriedades suscitarão o efeito desejado. Podemos criar espaços com certas peculiaridades, mas não nos escondermos em guetos evangélicos.

7. Separação: Uma outra barreira sutil e perigosa é a de nos separarmos das pessoas “de lá de fora” e restringir nosso círculo social aos “irmãos”. A senha poderia ser (e às vezes é), “a paz do Senhor” em caso de resposta satisfatória, então é bem vindo ao nosso meio, de outra forma, “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15.33 – interpretado fora do contexto). Olhemos para aquele que foi acusado de ser amigo de publicanos e pecadores (Lucas 7.34), que tocou em leprosos, que perdoou prostitutas, que se aproximou dos excluídos.

Já tentou conversar com alguém que não te olha nos olhos? Que estranha sensação. Como podemos pregar o evangelho que tem características tão evidentes de amor, misericórdia, perdão, reconciliação, adoção, aceitação? Seria muito difícil uma família adotar uma criança órfã sem permiti-la entrar em sua casa. Nós fomos adotados e recebidos na presença do Pai, que não faz acepção de pessoas (por isso nos aceitou), como poderemos testemunhar disto praticando o oposto da mensagem?

8. Paganismo: O paganismo está de volta á essa geração pós-moderna. As seitas e religiões espiritualistas ganham novos adeptos e seus conceitos não são questionados se verdadeiros ou sensatos, basta que faça a pessoa se sentir espiritual e se lhe é sensata e moral. Interessante notar aqueles que chamam cristãos de fanáticos e incultos, e no ápice de sua própria arrogância veneram e acreditam em superstições, pirâmides, objetos, fetiches, gnomos e duendes. São, na verdade, pessoas carentes de uma espiritualidade verdadeira e de um amor profundo, coisas que só encontrarão no Evangelho que a nós foi confiada a proclamação.

9. A insegurança urbana: Como já vimos, a violência tem aumentado nas cidades. Estatísticas revelam que em São Paulo no ano de 2001, os sequestros envolvendo pessoas de qualquer camada social aumentaram 600%. Assaltos nas ruas, arrombamento de residências e tráfico de drogas têm levado as pessoas a se trancarem em suas casas e duvidarem de todos.

Pelo poder da Palavra e do Espírito Santo, as pessoas são convertidas e integradas nas congregações. Porém, muitas vezes terão dificuldades para participarem de programações à noite, por falta de segurança.

10.Ativismo: O ativismo é outra barreira sutil e perigosa. Nos envolvemos em tantas atividades na igreja e ocupamos de maneira tal nosso tempo, que não nos sobra momentos de sociabilidade (muito importante no evangelismo pessoal). Falta-nos tempo para a família, parentes, vizinhos, etc. Algumas vezes, fazemos disso uma desculpa para “fugir” de determinadas atribuições. Mas, em meio à tantas “atividades inadiáveis”, somos exortados a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça (6.33).

11. Medo de testemunhar: Este medo pode se manifestar, por causa de algumas destas razões:

a) Temor de ser rejeitado - ao falar de Cristo, você se expõe, define sua posição, mostra em que valores você crê. Obviamente, a possibilidade de rejeição existe, e é muito maior do que a possibilidade de ser respeitado em suas convicções cristãs.

b) Temor de ser um fracasso - às vezes, não temos vergonha de testemunhar abertamente, mas tememos receber um "NÃO", ao tentarmos evangelizar alguém. Ou então, fracassarmos por não comunicarmos com clareza o plano da salvação.

c) Temor de se contaminar com os incrédulos - muitas pessoas, quando se converteram, foram erradamente instruídas a não cultivarem amizades com incrédulos. O desejo de santificação é muito positivo, mas algumas pessoas tem partido para radicalismos e exageros.

O crente ser sal e luz, dentro da comunidade doente (Mt 5:13-16). Devemos ter muito cuidado com o conceito de sermos separados do mundo (Jo. 17:11, 14,15). O crente deve conhecer os problemas do seu tempo, para manter conversas inteligentes. Saiba dialogar sobre outros assuntos, além da Bíblia. Paulo, em Ef. 4:17 diz: "não andeis como andam os gentios". Mesmo andando entre os incrédulos, não devemos viver como eles, mas podemos viver entre eles.

12. Teologia distorcida. Existem pelo menos quatro posições teológicas que definem a maneira de ação da igreja na sociedade, sendo que, a quarta posição é aquela que deve ser adotada por nós.

É natural que o novo convertido rejeite muito do que se associa ao seu passado. Ele se retrai do seu ambiente social, abandonando todas as ligações e relacionamentos anteriores. O momento de afastamento e fechamento da cultura anterior é natural, visto que a experiência de ser uma nova criatura em Cristo freqüentemente causa uma grande mudança e conflito. Este momento inicial da vida cristã deve ser encarado como necessário para a maturidade do novo crente, mas o retorno à identificação com a cultura secular deve acontecer, à medida que sua maturidade aumenta. Analise a seguir quatro reações quanto a cultura, suas causas e conseqüências:

1) Rejeição: Mentalidade de Gueto. Um tipo de isolacionismo cristão.
Causas: Medo da secularização e contaminação com o mundo.
Conseqüências: Barreira a evangelização. As pontes não são construídas.

2) Imersão: Flexibilidade que permite uma identificação radical com a cultura humana.
Causas: Necessidade forte de identificação com a cultura secular.
Conseqüências: Tornam-se essencialmente indistinguíveis do mundo. O sal perde o sabor, tem receptores, mas não tem Mensagem.

3) Adaptação dividida: Mistura rejeição e imersão. Seria uma espécie de esquizofrenia espiritual.
Causa: Tem necessidade de estar a vontade nos dois mundos.
Conseqüências: Fica em cima do muro, vida dupla.

4) Participação crítica (nossa proposta): Sabe que Deus o tem envolvido numa missão redentora com implicações culturais.
Causa: Não acredita que o novo nascimento deva "desculturalizar" um novo cristão.
Conseqüência: Possivelmente terá problemas com a colisão entre as culturas cristã e não-cristã. Vive sob a tensão constante entre a fé cristã e a cultura humana.

13. Não saber como comunicar o evangelho: Muitas pessoas nunca prepararam seu testemunho escrito. Outras pessoas, nunca estudaram nenhum plano bíblico para evangelização. Pode ocorrer também a falta de capacidade, de como iniciar uma conversa, que viabilize a pregação do Evangelho.
14. Falta de confiança: Outra barreira é a falta de confiança. De certa forma, ela tem um aspecto positivo, pois nos ensina a humildade e a dependência de Deus. Outro aspecto, porém, precisa ser retirado de nossos pensamentos. Tal obra não é resultante de mero esforço humano, conseqüentemente, Aquele que nos comissionou, também nos capacitará.

O apóstolo Paulo reconheceu-se fraco diante de tal missão. Escrevendo aos colossenses diz: Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer. Cl. 4:3,4

Se esta oração partiu dos lábios deste intrépido evangelista, não necessitaríamos também orar de maneira semelhante? Conhecer nossos temores e fraquezas é o ponto de partida para todo crescimento, porque esse conhecimento nos leva a orar por nós mesmos e requer de nós reconhecer, perante os outros, que não somos de maneira alguma adequados para as tarefas para as quais Deus nos chamou.

A oração humilde tem que ser nosso ponto de partida. Deus é compreensivo e gracioso e certamente suprirá nossas limitações, nos dispondo a ajuda necessária para “dissipar nosso medo e nos dar ousadia de coração e palavra”.

Quando vos levarem às sinagogas e perante os governadores e as autoridades, não vos preocupeis quanto ao modo por que respondereis, nem quanto às coisas que tiverdes de falar. Porque o Espírito vos ensinará, naquela mesma hora, as cousas que deveis dizer. (Lucas 12.11,12)

15. Modelos Evangelísticos Defeituosos: Embora muitas das práticas evangelisticas funcionem, em alguns casos elas de fato atrapalham o impacto total de uma dada igreja em uma comunidade. Vejam alguns desses modelos defeituosos :

1) O Método da Pescaria. Para muitos, evangelização é o que o pastor faz no domingo, jogando uma rede por cima do púlpito, esperando que alguns “peixes” mordam a isca. Neste caso, a função do “leigo” é de apenas conduzir alguns “peixes” para que fiquem ao alcance do “grande pescador”.

2) O Método da Emboscada. Aqui, o não-cristão é convidado a um acontecimento onde um orador de alto potencial, convidado exclusivamente para esta situação, descarrega todas as suas armas. Frequentemente o “convidado” não tem nenhum idéia da função ou propósito do convite e sente-se numa armadilha e envergonhado.

3) O Método Expedição de Caça. Às vezes, o único contato dos cristãos com a evangelização é através da participação em um mutirão mensal numa “expedição de caça” em território inimigo. Muitas dessas expedições de evangelização são válidas e Deus as abençoa. Muitas, porém, não o são, e representam uma tática desequilibrada e artificial.

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